A trilogia de Batman, produzida por Christopher Nolan, está entre os melhores filmes de heróis produzidos até hoje. Trata-se de uma trilogia fechada, bem planejada e desenvolvida com um começo, meio e fim. Uma ideia central da franquia é o desejo de Bruce Wayne restabelecer a ordem social em Gotham, e isto seria realizado por meio da criação de um símbolo: e que esse simbolo pudesse ser uma inspiração para as pessoas de Gotham.
Parece justo dizer que, sem dúvida alguma, ao menos para uma grande parte do público Geek e dos ávidos leitores das HQs, Batman é um dos personagens mais fascinantes entre os heróis. O que torna o Batman por vezes uma figura muito mais interessante do que Superman, Capitão América, Homem de Ferro e assim por diante? Pessoalmente, creio que isso ocorre por um motivo: é a humanidade tão marcante dele.
Batman é muito mais verossímil e mais próximo de nós, mais humano e menos idealizado do que outros heróis. Dentre suas principais qualidades poderiam ser listadas: sua força de vontade, bondade, coragem e sede de justiça que estão estreitamente ligadas ao seu grande sofrimento, com a perda dos pais, e o medo aterrador da figura do morcego. Este medo, porém, é superado e integrado à personalidade de Bruce Wayne de tal modo que ele passa a usar de seu medo e de seu sofrimento em um processo de superação. Toda essa psicologia de Batman, o torna uma figura mais próxima de nós, mais concebível para nós: entendemos a dor, o sofrimento e os atos dele.
Bom, mas por que digo tudo isso? Por um motivo muito simples: desejo recomendar, a quem ainda não tenha assistido, que não perca mais tempo e assista o quanto antes a franquia de filmes – uma trilogia – produzida pelo diretor Christopher Nolan: Batman – O Cavaleiros das Trevas.
Creio que a trilogia está entre as melhores produções cinematográficas referente a um personagem das HQs, caso não seja de fato a melhor produção entre todas. E por que digo isso? Seria só exagero ou gosto pessoal? Em parte, talvez sim. Por outro lado, há muito mais: Nolan elevou Batman a outro patamar; além disso, na trilogia que Nolan produziu desenvolveu-se muito a personalidade de Bruce Wayne! Não há nada daquela superficialidade dos filmes dos anos 90 em que os vilões eram muito mais interessantes que o próprio protagonista. Quem não se lembra de Jack Nicholson como Coringa? Ou Jim Carrey como Charada? Por outro lado, Michael Keaton é um Bruce Wayne completamente apagado, superficial e chato. Diferente do Bruce Wayne interpretado por Christian Bale, com uma personalidade mais densa, profunda, complexa e com aquela qualidade do Batman que mencionei acima: é humano.
A seguir, faço um breve comentário dos três filmes, porém não darei detalhes e pormenores da História. Espero que os comentários o ajudem a se interessar ainda mais pela franquia de Nolan:
BATMAN BEGINS – O filme Batman Begins inaugura a trilogia. O filme nos mostra o início da jornada de Bruce Wayne na tentativa de compreender o submundo do crime, como funciona esse universo e como Bruce pretende combatê-lo.
O primeiro filme é uma introdução com ótimo desenvolvimento. Diferente dos filmes anteriores, em que os vilões nos distraiam e eram o ponto forte do filme, agora simpatizamos e nos colocamos no lugar de Bruce: entendemos a sua busca pessoal e torcemos para que ele consiga cumprir sua missão. Além disso, há outros personagens que são muito carismáticos como Alfred, sempre fiel e conselheiro, e o futuro comissário Gordon, um chefe de família e policial honesto em um meio corrupto.
Como grande vilão do filme temos o antigo mestre de Bruce Wayne, líder da Liga das Sombras, Ha’ s al Ghul. Além dele há uma introdução de um vilão menor: o Espantalho.
BATMAN, O CAVALEIRO DAS TREVAS – Considerado por muitos como o melhor filme da trilogia – o ponto central em que a história é mais desenvolvida por Nolan – Batman, O Cavaleiros das Trevas mostra como ficou o cenário de Gotham City após os eventos de Batman Begins: a corrupção ainda existia, porém a Máfia estava desarticulada e era cada vez mais exposta à luz das autoridades de Gotham, de tal modo que necessitou recorrer a uma força caótica e destrutiva que na verdade ansiava por um choque com Batman: o Coringa. Sem dúvida, o Coringa de Heath Ledger foi um marco na história dos filmes baseados em HQs.
Neste filme, Batman e Coringa representam duas forças: Batman, a força ordeira, que acredita na redenção de Gotham e o Coringa de Ledger que deseja o caos e a destruição da Ordem.
BATMAN, O CAVALEIRO DAS TREVAS RESSURGE – Particularmente, este foi meu filme preferido da Trilogia. Não darei um spoiler de detalhes do filme ou mesmo do enredo. Tudo o que posso dizer é que o filme continua a desenvolver a linha de fundo que foi estabelecida em Batman Begins e Batman, o Cavaleiro das Trevas: ele luta pela redenção de Gotham e pelo restabelecimento da Ordem. Contudo, apesar do esforço que fez no combate contra a Máfia e o Coringa, a ordem e restauração que Bruce Wayne tanto desejou não se ergueu com base num símbolo verdadeiro, mas em uma mentira. Assim, mais uma vez Gotham é ameaçada por forças destrutivas.Em meio a uma crise e uma depressão, Bruce terá de lidar com dolorosas verdades enterradas, e, mais ainda, terá de criar novamente forças para superar a sua crise, deter seus inimigos – o vilão Bane – e tornar-se o símbolo pelo qual a ordem de Gotham será restabelecida.
Além dessa linha de fundo do enredo, o filme possui ótimas cenas de ação e lutas do Homem Morcego: uma das melhores é, justamente, o retorno de Bruce Wayne como Batman.
Então, caso você tenha passado anos sem assistir a estes filmes, sugiro que pare tudo e assista. Eles simplesmente mudaram o curso de como enxergávamos o personagem (e até mesmo outros filmes do gênero). O resultado disso foi o espetacular Coringa, filme de 2019.
Tenho certeza que você não irá se arrepender de assistir (ou até rever) essa incrível adaptação cinematográfica.
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