Muitos fãs da trilogia Jogos Vorazes tem se perguntado se vale a pena ler o novo livro A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes e como uma fã nata da série digo: Sim, vale muitíssimo a pena. Indo contra uma maré de críticas negativas sobre um livro tão bom, quero te convencer nesse post que a leitura desse livro é válida sim.
Após o anúncio de que o novo livro trataria da juventude do presidente Snow, muitos entortaram os narizes, já que o personagem é praticamente um dos mais odiados da série. A princípio eu estranhei também, mas depois percebi que saber mais sobre a história dele poderia explicar o porquê e como ele se tornou tão frívolo.
64 anos antes da história de Katniss Everdeen
A história se passa alguns anos após a guerra civil em Panem nos Dias Escuros e conta com um Snow de 18 anos narrando sua história. Falido, após a família perder todo o dinheiro investido em armas no Distrito 13, Snow segue sua vida como se ainda tivesse muito dinheiro e influência. Por ser um dos rapazes mais inteligentes de sua turma, ele e mais 23 alunos são escolhidos para serem os primeiros mentores dos tributos na 10º edição dos Jogos Vorazes. Snow fica decepcionado ao descobrir que ficaria responsável por uma garota do Distrito 12, porém, ele não tinha ideia de como isso o afetaria no futuro.
Personagens perto de perderem sua “inocência”
Já que o Snow é o narrador, naturalmente, por não gostarmos dele, não existe meio de simpatizar com o personagem. Ele é falso, calculista, oportunista e possessivo. Em nenhum momento a autora te deixa simpatizar com suas escolhas e ações. Porém, ele tem raros momentos de lucidez e normalmente esses momentos estão envolvidos com Lucy Gray, a tributo do Distrito 12.
Lucy é corajosa, pé no chão e simpatiza com Snow logo de cara, já que ele resolve fazer um esforço para conquistá-la afim de receber o prêmio para o mentor que tivesse o tributo vencedor. O que ele não esperava, era nutrir sentimentos pela garota. Em suas curtas conversas com Lucy, esses se tornam os raros momentos em que ele se abre, em que se torna quem poderia ter escolhido ser. Nessas horas você até sente esperança dele mudar, mesmo sabendo que isso não irá ocorrer.
Os personagens seguem em uma jornada de autoconhecimento e nesse livro, eles perdem sua inocência da pior forma possível.
Imprevisibilidade e história bem construída
O livro é divido em três partes. A terceira foi a que me deixou mais confusa, esperançosa e com receio. Snow ainda mantinha o pouco de uma humanidade dentro de si, possivelmente vinda de sua mãe, mas o lado mais parecido com o pai é que prevalecia.
A história segue um rumo imprevisível e difícil de adivinhar. A princípio, por conhecermos como os jogos funcionam, criamos suposições do que irá acontecer, mas o destino da história não é tão óbvia, o que realmente me deixou animada durante a leitura.
Panem ainda não tinha se levantado completamente após a guerra. Os jogos não serviam apenas para punir os distritos, mas para algo mais e é isso que o Snow busca compreender durante todo o livro. Muitas famílias ainda estavam reconstruindo suas riquezas e os alunos eram cogitados a darem ideias á seus professores de como “melhorar” os jogos para a população assistir.
A história fecha perfeitamente bem. E a frase que o Snow diz a Katniss no livro (e filme) do Esperança, faz todo sentido após finalizar a leitura: “São as coisas que mais amamos, que nos destroem.”
Repercussão negativa equivocada
Uma vez, enquanto assistia a série Dark com meu esposo, comentei: “Nossa, essa série é muito quieta de forma desnecessária em alguns episódios” e então ele me respondeu, “As pessoas estão acostumadas a verem tudo acontecer depressa, então quando surge algo mais calmo, elas estranham.”. Nunca me esqueci disso e hoje concordo. Vi muitos leitores reclamando que esse livro é lento, não desenvolve rápido ou que é uma cópia da trilogia.
Acredite, cópia ele com certeza não é. O mundo pode ser o mesmo, mas a época, a situação, o ponto de vista, são completamente diferentes.
Outras críticas como, “O Snow pensa demais”, foram um pouco exageradas. Ele é o narrador, tudo que está ocorrendo é visto pelo seu ponto de vista, com uma mentalidade da Capital, com uma experiência por trás de sua história, é claro que ele vai “pensar demais”.
Seus momentos entre a loucura e lucidez também foi cenário de crítica, porém, o que a Suzanne Collins quis mostrar, é que ninguém nasce totalmente mal. Ainda existe esperança e algum amor dentro das pessoas, até que elas perdem a inocência e fazem uma escolha final. Simples, mas nem tanto.
O Snow pode ter sido um personagem inesperado para os fãs para ter um livro solo, mas a leitura é válida para entendermos sua história, em qual ponto ele perdeu seu senso de humanidade e porque ele sempre escolhia ou imaginava as piores ideias para uma situação, como nos seus acessos de possessividade.
Soube de uma piadinha grotesca chamando o livro de “catinga” entre diversos leitores que odiaram a história. Como uma leitora que gostou muito do livro, achei a piadinha muito sem graça. Se você está pensando em deixar de ler por causa de comentários bobos desse jeito, não faça isso, leia e tire VOCÊ as suas próprias conclusões.
Prefigurações incríveis com a história de Katniss
Alguns pontos em aberto na trilogia são sanados nesse livro. O momento que serviu de inspiração para a composição da música “A Árvore-Forca” acontecem na terceira parte do livro, além de sua proibição. A ironia sobre a planta katniss, com suas folhas que lembram a ponta de uma flecha e o fato dela ainda não ter florescido por completo, foram pequenas coisas que fizeram todo sentido com o futuro do Snow.
Quando o Snow vê um tordo pela primeira vez e o odeia com todas as forças, também é um simbolismo com o futuro da série. Pode ser, que para quem já leu, nada disso seja interessante, mas quando você se permite ter a mente transportada para o passado, pequenos indícios sobre o futuro se tornam incríveis.
Toda a história me fez imaginar o como o Snow deve ter odiado a Katniss assim que ele a viu pela primeira vez.
Serpentes e pássaros
Em determinado momento na história, Snow vê o como as serpentes gostam de Lucy Gray e como ela sempre sabe aonde encontrá-las. Enquanto Lucy sempre é comparada aos pássaros, pois é livre (até certo ponto) para compor suas canções e colocar seus pensamentos nela.
O impressionante, é que após a leitura, o título, que a princípio não faz sentido, traz toda uma explicação por trás. A única coisa que posso dizer, é que enxergo Snow como a serpente, que se atrai para Lucy Gray e ela é o pássaro, que deseja apenas ser completamente livre.
Conclusão
Devida a minha animação, fiz um vídeo de “Leia comigo” e fui relatando as minhas experiências durante a leitura. Dá uma conferida aqui embaixo e aproveite para se inscrever no canal.
Para mim, o livro é um ótimo complemento para a trilogia. A escrita da Suzanne Collins é incrível e ela continua sendo o mesmo gênio que escreveu Jogos Vorazes há 10 anos atrás. Se você é fã da trilogia, não perca a oportunidade de ler e tire as suas próprias conclusões sobre a história.
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Um grande abraço.
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