O Despertar da Senhorita Prim da autora Natalia Sanmartín Fenollera é um livro que foge totalmente dos padrões modernos. É o tipo de leitura que pode ser um deleite para algumas mulheres e motivo de ódio para outras.
Talvez você descubra nesta resenha de qual lado você estaria.
Sinopse: O Despertar da Senhorita Prim
“Um inusitado anúncio de emprego e uma certa nostalgia sem explicação: eis o que levou Prudência Prim a Santo Ireneu de Arnois, um povoado encantador com habitantes bem pouco convencionais. Deixando de lado a sua condição de mulher qualificada e independente, a senhorita Prim passa a trabalhar para o misterioso homem da poltrona, um cavalheiro inteligente e profundo, mas pouco dado à delicadeza. Através de deslumbramentos, constrangimentos, diálogos filosóficos e muitas xícaras de chá, a senhorita vai aos poucos descobrindo o que faz daquele povoado um lugar tão fascinante: Santo Ireneu de Arnois era “”uma colônia de refugiados do mundo moderno””. Narrado com brilhantismo e inteligência, O despertar da senhorita Prim nos leva para uma viagem inesquecível em busca do paraíso perdido, da harmonia e da beleza, e da profundidade escondida nas pequenas coisas da vida.”
Uma indicação que me surpreendeu
Eu nunca havia ouvido falar de O Despertar da Senhorita Prim ou mesmo da autora. A leitura foi uma indicação de uma amiga da família que me emprestou seu exemplar para que eu pudesse me aventurar na história.
Confesso que a leitura foi um pouco diferente do que imaginei, mas nada que tenha atrapalhado a experiência. Principalmente depois que me acostumei com a forma com a qual o enredo é narrado e trabalhado.
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Resenha: o que achei de O Despertar da Senhorita Prim
Como eu disse acima, a leitura foi diferente do que pensei e também do que estou acostumada. Apesar de amar livros clássicos, é muito raro eu ler um livro que seja escrito de forma mais classuda. O que quero dizer, é que tive a impressão de estar lendo um livro contemporâneo de outro século devido ao seu estilo antiquado de narração.
E, obviamente, isso não é ruim. Contudo, foi uma surpresa perceber isto em uma história que se passa atualmente.
Indo direto ao ponto, o livro é realmente muito bom e muito bem escrito. Ele cita diversos autores e figuras importantíssimas, como: Platão, Dante, entre vários e vários outros. Também é citado frases em latim, grego e referências a muitos momentos na história da humanidade, como, o império Romano, por exemplo.
Apesar de ser incrível que um livro de 317 páginas comente sobre pessoas e momentos tão importantes, existem alguns pontos em que senti a autora se esquecer completamente do andamento do próprio enredo para nos dar centenas de exemplos como estes.
Ainda assim, isso tem relação com o local em que a história acontece, justamente porque é uma vila onde todas as pessoas que moram ali o escolheram por livre e espontânea vontade, a fim de fugir das “obrigações” da modernidade.
Se você pensa que irá ver moradores mexendo no celular ou se comunicando através de computadores, pode esquecer. A vila de Santo Ireneu foge completamente de tudo que é moderno. As pessoas se falam e até debatem temas variados através de cartas. Há sempre um bolo ou qualquer outra guloseima no forno para receber visitas. As crianças não aprendem coisas comuns na escola, mas são ensinadas pelos pais e por outras pessoas mais qualificadas sobre literatura clássica, estudo de línguas, ciências e muito mais de um modo que não se vê atualmente.
A história é narrada aos olhos da senhorita Prim (Prudência) e vou confessar: eu não gostei da protagonista. Ela é exatamente o exemplo de mulher do qual não me dou bem: dura e teimosa além do limite para defender suas ideias fingindo que respeita a escolha do outro quando na verdade ela faz julgamentos o tempo inteiro sobre tudo e todos.
Durante toda a leitura ela retruca os costumes do lugar, as escolhas das pessoas, o motivo de seu patrão ser um “religioso fanático” aos olhos dela, as razões que o levam a não incentivar X leitura para as crianças das quais ele é responsável e assim por diante.
Ao menos, todos os moradores de Santo Ireneu possuem uma excelente resposta para as ações e impulsividades da protagonista que se autointitula feminista, tolerante, mas que na prática jamais o faz. Ela mente socialmente, diz que ciúmes é algo para pessoas fracas, mas a mesma não admite senti-lo, ela julga duramente as escolhas religiosas do outro, mesmo dizendo que aceita todas as religiões, entre outras coisas que não caberiam em um post.
Não, não é fácil para mim ler um livro com uma protagonista assim. Por isso aviso de antemão, se você, leitora, possui fortes ideais feministas, é bem provável que irá odiar este livro, do contrário, é possível que irá se apaixonar, justamente porque a cada julgamento ou retruca da mesma, há várias lições e reflexões ótimas que a contradizem vindo das pessoas da vila.
No meu caso, mesmo não gostando da protagonista, me senti fazendo parte de Santo Ireneu, um lugar que eu adoraria que existisse. Um refúgio para todos aqueles que querem fugir da ansiedade do mundo moderno e viver perto de pessoas que dividem ideais parecidos e que desejam um estilo de vida completamente diferente do comum.
O livro conta com frases maravilhosas e reflexivas sobre a vida, escolhas, nosso rumo ou mesmo de nossos filhos e até nos faz pensar em como é lamentável que nos deixamos guiar tanto por máquinas e não aproveitamos mais a vida como deveríamos. A história mostra como o simples pode ser muito belo.
Quanto aos pontos negativos, não posso, infelizmente, deixar de citar o final. Achei que ele foi muito rápido e não trabalhou direito a mudança que acontece na vida da personagem, sem contar que suas decisões ficam totalmente em aberto.
Outro ponto, é que se você imagina que durante a história verá um romance, pode esquecer. Existe um vislumbre, mas ele não é concluído. O livro acaba deixando claro que este não é o seu foco, mas só percebi isso no final.
Eu realmente gostaria de ter entendido melhor as mudanças de pensamento que a protagonista sofreu, o que a fez mudar de fato e em qual momento exato. Não sei se isso pode ser considerado spoiler, mas a verdade é que o desfecho, ao menos para mim, deixou muito a desejar.
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Vale a pena a leitura de O Despertar da Senhorita Prim?
Sim. É uma história diferente, cativante ao seu modo e fora de seu tempo. Os habitantes da pequena vila te conquistam de uma forma que de repente tudo que você mais queria era viver perto deles.
Se você é o tipo de leitor(a) que gosta de um ler clássicos, seja com frequência ou não, esta pode ser uma ótima pedida para você. Vale a pena investir e se surpreender.
Um grande abraço!
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